21/11/2013

Em Chamas e a insaciável sede de oprimir


A continuação de Jogos Vorazes conseguiu ser ainda mais eletrizante que seu antecessor.
Com uma trama cheia de surpresas, "Em Chamas" é envolvente, assustador e ao mesmo tempo cheio de citações perfeitamente cabíveis em nossa sociedade.

Após ter desafiado a estrutura montada pelos organizadores dos Jogos Vorazes, Katniss Everdeen tem que enfrentar novamente o sistema e lutar contra os vencedores de outras edições do programa para defender a vida do povo de Panem e das pessoas que mais ama.

Um filme quente, que fala de amor, responsabilidade, senso de justiça, vingança, manipulação, alienação, revolta, luta e conspiração.

Emoção do começo ao fim.

Vale cada centavo!

Dilemas de uma democracia



E a polêmica do momento é a questão da liberação ou não das biografias sem autorização prévia, o que levanta questões como censura, invasão de privacidade, o limite dos direitos coletivos em detrimento dos individuais e as falhas na aplicação das leis.

De um lado, editores de livros, biógrafos e toda a classe jornalística levanta a bandeira para a liberdade total e irrestrita de publicações de biografias, sem que seja preciso autorização da pessoa em questão.

Em contrapartida, no lado oposto dessa briga estão nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Roberto Carlos, Djavan e vários artistas que se sentem invadidos em seu direito a privacidade, por biografias não autorizadas e sob as quais eles não possuem nenhum ganho financeiro.

Como jornalista e cidadã, obviamente sou totalmente a favor da liberdade de expressão e informação, porém as pessoas tem que tender que mesmo tendo meios para se defender de coisas publicadas/comercializadas, aos atingidos resta apenas remediar os estragos.

A discussão em si é realmente complexa, porém o fato é que vivemos num mundo onde a privacidade das pessoas vem sendo violada com frequência - não apenas no caso dos artistas, mas sim em todas as esferas da sociedade - ao mesmo tempo em que as leis não são cumpridas com a devida rapidez e rigor.

Na verdade, o que está sendo discutido é muito mais amplo do que a questão das biografias.
Estamos falando sobre direitos e deveres e isso é o que realmente precisa ser levado em consideração, ao invés de picuinhas de classes.

Obviamente, para o mínimo de funcionamento de uma democracia, precisamos estar atentos a todas as tentativas de tolher o direito de nos expressarmos de forma livre, autônoma e lúcida, porém é imprescindível refletir sobre as leis e criar formas mais duras de punir ofensas e excessos.

Realidade nua e cruel


Narrado com precisão e objetividade por Caco Barcelos, “Rota 66” foi um dos livros mais difíceis que já li na vida.

A violência, a maldade e a frieza de alguns policias - aliada a conivência da imprensa e incentivo de um sistema que premia e absolve quem mata mais - é assustadora até mesmo para quem sabe que de inocente este mundo não tem nada.

Trata-se de um trabalho relativamente antigo, mas tremendamente atual em tempos de “Amarildos” e escândalos envolvendo policiais e provas forjadas contra manifestantes.

Do ponto de vista jornalístico, trata-se de um livro extremamente corajoso, baseado em dados obtidos durante um minucioso e arriscado processo de investigação, que resulta em um grande objeto de estudo sobre apurações jornalísticas.

Definitivamente “Rota 66” é daquelas obras dignas de nos fazer perder a fé em tudo mais que nos cerca. Um livro pra quem tem estômago!